A artista Carrie Paterson sempre quis enviar mensagens para o espaço, na esperança de que alguma espécie alienígena entrasse em contato com a Terra. Mas ao contrário da maioria das experiências até agora – de envio de mensagens com som e imagem – ela acha que é preciso mandar um recado diferente: com cheiro.
Para ela, os cheiros da humanidade – aromas florais, fedor de fezes ou odor de gasolina – definem muito do que é a vida na Terra. O olfato seria uma forma primitiva de contato entre espécies no planeta, e poderia servir bem para um primeiro contato com extraterrestres.
A ideia da artista é uma entre várias em uma discussão antiga. Desde que a humanidade inventou o rádio e a televisão, mensagens têm sido enviadas ao espaço, na esperança de alguém receba.
Neste mês um encontro na Califórnia da entidade SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), que busca alienígenas, discutiu a proposta de Paterson e outros especialistas no assunto. A conferência Comunicando Através do Cosmo reuniu astrônomos, artistas, linguistas e antropólogos para debater se a humanidade está mandando a mensagem errada.
Passando o recado
Uma das propostas mais antigas de comunicação com alienígenas foi feita no século 19 pelo matemático Carl Gauss, que queria cortar árvores em uma floresta densa. Sua ideia era formar um triângulo que pudesse ser visto "da Lua ou até de Marte". O astrônomo Joseph von Littrow propôs uma mensagem semelhante, só que com querosene queimado na água à noite.
Para ela, os cheiros da humanidade – aromas florais, fedor de fezes ou odor de gasolina – definem muito do que é a vida na Terra. O olfato seria uma forma primitiva de contato entre espécies no planeta, e poderia servir bem para um primeiro contato com extraterrestres.
A ideia da artista é uma entre várias em uma discussão antiga. Desde que a humanidade inventou o rádio e a televisão, mensagens têm sido enviadas ao espaço, na esperança de alguém receba.
Neste mês um encontro na Califórnia da entidade SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), que busca alienígenas, discutiu a proposta de Paterson e outros especialistas no assunto. A conferência Comunicando Através do Cosmo reuniu astrônomos, artistas, linguistas e antropólogos para debater se a humanidade está mandando a mensagem errada.
Passando o recado
Uma das propostas mais antigas de comunicação com alienígenas foi feita no século 19 pelo matemático Carl Gauss, que queria cortar árvores em uma floresta densa. Sua ideia era formar um triângulo que pudesse ser visto "da Lua ou até de Marte". O astrônomo Joseph von Littrow propôs uma mensagem semelhante, só que com querosene queimado na água à noite.
Pouco antes disso, a Nasa havia enviado as sondas Pioneer 10 e 11 contendo uma caixa metálica com desenhos de um homem e de uma mulher.
Mas para muitos, os recados enviados até hoje são incompreensíveis.
"Desenhos lineares de homens e mulheres são legíveis apenas por humanos contemporâneos", diz o designer Marek Kultys.
Um recado é ainda mais difícil de ser decifrado. Há 35 anos, a Voyager portou um disco de ouro com mensagens em 55 línguas. Mas qual alienígena teria um toca-discos, ainda mais com a rotação correta? Aliás, quantas pessoas na Terra possuem toca-discos hoje em dia?
Autores de ficção científica vão até mais longe. Stanislav Lem, autor de Solaris, criou alienígenas que não tinham corpos ou mentes como as nossas. A sua criatura extraterrestre era um "oceano inteligente".
Tempo longo
Para Kultys, todos esses fatores precisam ser pensados quando se elabora uma mensagem para alienígenas. Um problema que pode surgir é o descompasso entre a emissão e o recebimento da mensagem. Como muitas delas demoram muitos anos – às vezes milhares deles – para viajar pelo cosmos, talvez a resposta também só chegue em um período semelhante.
Sendo assim, se as primeiras mensagens foram enviadas apenas no século 20, dificilmente a geração atual da humanidade ouvirá uma resposta.
"Nossa esperança de se comunicar com outra civilização inteligente tem um aspecto melancólico", diz ele.
Para o antropólogo John Traphagan, da Universidade do Texas, outro risco é que a comunicação tenha ruídos demais e isso acabe causando mais atritos do que aproximação. No caso, como a comunicação se daria entre civilizações que nunca tiveram contato físico, a possibilidade para enganos e confusões é enorme.
Então qual é a melhor forma de comunicação? Seriam imagens, sons ou cheiros, ou algo que ainda nem inventamos? A conferência da SETI não conseguiu chegar a um consenso sobre isso.
Douglas Vakoch, que tem o curioso cargo de diretor de composição de mensagem interstelar na Seti, acredita que a humanidade precisa passar um recado honesto do que somos, e não uma imagem idealizada e maquiada.
"Não vamos esconder nossos defeitos. A mensagem precisa ser direta: somos uma civilização jovem, ainda na adolescência tecnológica. Enfrentamos vários problemas na Terra e ainda não sabemos que resposta teremos. Mas apesar de tudo ainda temos esperança e confiança em nós mesmos."
Nesse sentido, o disco a bordo da Voyager vai no sentido contrário: esconde nossas guerras, a fome no mundo, nossas doenças, poluição e explosões nucleares. Traphagan diz que se algum alienígena algum dia ouvir essa mensagem e vier para a Terra com base nela vai se sentir iludido.
Fonte: BBC
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